quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Dia dos Finados


      Embora seja a única certeza que temos nessa vida, a morte continua sendo um mistério a todos nós. Como a todo mistério, não podemos explicá-la, mas aceita-la pela fé, acrescentada às outras virtudes teologais: esperança e caridade.
     A deve extirpar de nós todo o negativismo perante a morte. Pois o fundamento de nossa fé está em Nosso Senhor Jesus Cristo que ressuscitou dos mortos e, portanto venceu a morte. Sua morte matou a morte, dando- nos vida e imortalidade.
     “Se Cristo não ressuscitou dos mortos, a nossa pregação é vã, e também a vossa fé é vã”(I Cor. 15,14). Jesus ressuscitou, assim também rezamos para que todos os Fiéis Defuntos, os quais a Igreja se lembra de modo particular no dia 02 de Novembro, também como e com Jesus ressuscitem e tenham um repouso eterno.


     A fé em Cristo gera em nós firme confiança, que permite a virtude da esperança. A esperança não engana(Rom 5,5a). A esperança não morre quando a depositamos em Deus, ainda que, aos nossos olhos enxergamos desesperança e fim, o Deus da Esperança sempre é maior que tudo, e plenifica a nossa espera.
      Saudades sim, tristeza não! Que essa jaculatória esteja presente em nosso coração. Pois se amamos os nossos que se foram, queremos o bem deles, e que bem maior existe do que estar descansando em paz junto de Deus?

     Deus é amor(I Jo 4,16b), manifestado em Jesus Cristo. Esse amor nos sustenta em nossas perdas, porque o amor é mais forte que a morte (Ct 8, 6b). O amor, porém, não dispensa a saudade, porque ela é própria daqueles que amam, e torna-se um elo que liga as pessoas que se amam e estão distantes. Quem não tem saudades? Somente aquele que não amou e não ama, pois a saudade é conseqüência de um autêntico amor.
     “Jesus chorou”(Jo 11, 35). Talvez é o menor versículo bíblico e um dos mais profundos. Jesus demonstra o amor que tinha ao amigo Lázaro quando chorou sua ausência. Jesus não falseou as lágrimas. Ele ainda continua a chorar conosco, sofrer conosco, e essa é a maneira dEle enxugar as nossas lágrimas.
As lágrimas existem e expressam tudo aquilo que a razão humana não sabe dizer (ou escrever) sobre saudade. A lágrima consegue falar, é palavra que fala sentindo, traduz sem dificuldade a ausência do coração. Ela reclama a ausência de quem é presente, de quem permanece não obstante ao tempo, à distância, aos limites e palpites da contingência humana.
     Deus, não quer dar-nos muitos anos em nossa vida, mas quer que tenhamos muita vida em nossos anos, sejam quantos forem. Lutar e zelar pela vida são princípios cristãos e de maneira alguma contradiz a aceitação da morte. Porque a vida em Deus é uma preparação para morte, para alcançarmos a ressurreição.
    Mas a saudade não tem tradução, talvez sua melhor definição seja dizer: Saudade é o amor que fica! Somos constituídos de saudades. Sentimos a ausência, choramos nossas perdas.
    Uma mãe, um filho, um marido, irmão, primo, amigo,etc, dói imenso perder à quem amamos. No silêncio da ausência percebemos a certeza da presença. É o amor que fica.
    Dia dos finados, e porque não dizer, dia da saudade. Pessoas que lembram intensamente seus entes queridos, choram, oram, relembram, lamentam. Atualizam na memória a história de alguém que permanece vivo no interior do coração. Não existe distância quando são boas e enraizadas as lembranças
    Viver esse sentimento, tocar o paradoxo da dor e do amor. Deixar-se consolar por Deus e por aqueles que Ele coloca em nosso caminho. Ser dócil aos Seus propósitos conseqüentes da confiança em Deus.  Não temer, não permitir a paralisação  do coração.
   Enfrentar a saudade, Acreditar inquestionavelmente, esperar alegremente e amar infinitamente.

SAUDADE: Amor que vai e que fica!