FÉRIAS
Intervalo necessário para quem se dedica e cumpre a tarefa de cada dia.
O trabalho digno, o estudo dedicado, o esforço realizado para que tudo concorra para o bem na normalidade ordinária que preenche a vida, merecem a recompensa.
Colocar a mochila nas costas, a mala no carro, percorrer estradas, viajar de avião, ir para o campo, para a praia, visitar amigos, dedicar-se à família, ler um bom livro, ir ao cinema, teatro... Programas que constituem as férias.
Mas as férias não servem para descansar? Certamente. Porém, o descanso não inclui somente o aspecto físico, é muito mais que isso. Sobretudo porque o cansaço tem maior peso na mente, é o famoso “cansaço mental”.
Humanos que somos, temos os nossos limites, precisamos parar por um tempo determinado para refazer as nossas forças. Como dizem os pernambucanos: “Precisamos desopilar”, ou seja, sair e retornar a nós mesmos através de coisas que distraiam e promovam o bem da nossa humanidade.
Como é bom esse ócio provisório (das férias) para quem ordinariamente nega o ócio e, portanto, é uma pessoa de negócio.
As férias, descanso por todo esforço realizado já que “o trabalhador é digno do seu próprio salário”(); mas é também preparo ao que virá. Forma indireta de planejar a própria vida, na harmonia recebida, na paz garantida e na renovação das energias.
A mala, que simboliza a capacidade que temos de carregar a nossa própria vida, é feita cheia de alegria, no alívio e na expectativa da viagem. Viagem que deve também provocar uma visita ao nosso próprio eu, numa viagem subjetiva que suaviza os pesos da vida.
Como é bom viajar! Como é agradável estar com as pessoas que amamos, visitar e sermos visitados. Como é enriquecedor as novas amizades! Como é bom o sorriso, a diversão, a partilha, como é bom poder sentar sem ficar olhando para o relógio.
Mas eis que as férias findar-se-ão e o extraordinário dará lugar ao ordinário. Iniciará então a tarefa de tornar extraordinário tudo aquilo que é ordinário, como dizia Tereza de Jesus.
A mala deve ser desfeita e voltar para o seu lugar habitual. Mas do coração não devem ser retiradas as alegrias vividas e a harmonia recebida, são pois, motivação para a continuidade.
A vida é sempre dinâmica e continuará com suas exigências, desafios, dificuldades (as contas pra pagar que o digam) normais e inevitáveis. Porém, a maneira de acolhê-la e encarar a sua realidade torna-se opcional de nossa parte.
Escolhamos a simplicidade como um lema para o breve recomeço. A simplicidade que esconde a perfeição da vida e a possibilita. Na calma, na paciência, no “piano piano se va a lontano”.
Sobretudo, “a simplicidade é querer uma coisa só”(C.D.A.). Isso permite que o ócio provisório das férias não altere em nada os nossos negócios, os nossos trabalhos, estudos e as coisas que regularizam a vida e, pelo contrário, contribua positivamente para que tudo aconteça de forma continuada e repleta de sucesso.