quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

FORMAÇÃO TÉCNICA E HUMANA



Na cultura do “cada vez mais e melhor”, onde o conhecimento é inesgotável e a todo tempo buscado, as pessoas sentem a necessidade de estarem atualizadas tecnicamente. Mas será que estar atualizado segundo os critérios de uma formação técnica pode garantir a formação da pessoa como um todo?
A técnica é importante. O trabalho, as pessoas, as oportunidades exigem tal formação. Para isso, existem inúmeras possibilidades de se buscá-la e aperfeiçoá-la cada vez mais.
Desde a creche escolar até o doutorado, quantos caminhos, quantos livros, conceitos, lições absorvidas e acrescidas, quantos cadernos escritos, trabalhos, experiências, leituras, enfim, quanta teoria para conquistar concretamente uma formação técnica. Sabendo sempre que a função da teoria é iluminar a prática.
Mas, como motivou-nos a pergunta inicial, os diplomas, títulos, cargos não determinam uma boa formação humana. Óbvio que todos esperam humanidade de quem é aparentemente superior aos outros, seja pelos títulos ou por cargos que definem uma boa formação técnica. Mas nem sempre é assim, todos nós, em proporções diferentes, temos lacunas no que se refere à formação humana.
Ela também é exigida, ainda que seja de maneira indireta. Porém, não temos “lugares” propriamente ditos para garantir uma formação humana. É bem verdade que muitas bases são adquiridas na família. Na faculdade também temos algumas disciplinas que favorecem o seu alcance como a ética, psicologia, sociologia, antropologia; Na própria religião podemos também haurir algo sólido em formação humana. Mas todas tentativas são como que fragmentos, não abrangem o todo da formação humana na atenção que merece.
Quantos maus exemplos se têm de pessoas com cargo superior a outras, possuem diplomas e se esmeram em serem “maiores e melhores”, mas não são capazes de dar um ‘bom dia’ aos seus colaboradores. O contrário também pode ser verdade, colaboradores que veem na figura do superior um inimigo, às vezes sem ter um grande motivo. O que é isso? Será apenas uma formalidade exacerbada ou realmente é falta de formação humana?
Mas não basta constatar essa deficiência em nossa formação, é preciso buscar melhorar o nosso fragmentado eu. Na verdade o que nos falta é um pouco de reflexão sobre nós mesmos.
O autoconhecimento fundamenta a formação humana. À medida que vamos nos conhecendo, vamos aprendendo a acolher o nosso lado sombrio e assim, vamos nos humanizando mais. Vamos tirando aquele peso de que somos e devemos ser a todo tempo perfeitos.
De fato, quem se conhece ou busca um autoconhecimento, não foge de si mesmo e nem se frustra com as suas misérias. Isso pressupõe também um acolhimento melhor do outro.
Eis a formação humana, aquela que passa pelo critério benévolo do autoconhecimento. É o processo de percorrer as moradas do nosso castelo Interior, como diz Teresa de Jesus, ou adentrar e conhecer o “edifício do eu”, como reza Augusto Cury. E aí percorrer todos os espaços e não se contentar só com a sala da recepção, mas ir além, sabendo descer no subsolo das misérias e erros, bem como subir nos mais altos andares das virtudes e dons.
Em suma, a formação técnica é fundamental para fazer, mas a formação humana é essencial para ser, e ambas se complementam no que diz respeito à característica de um bom profissional.
Levando em consideração que nunca ninguém estará 100% formado, seja técnica ou humanamente, pois a formação é um processo inacado e que exige uma formação permanente. (tema da próxima postagem).

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

No fundo do mar...

No fundo do mar um mundo novo posso olhar e, sobretudo, enxergar.
Em cada mergulho limitado pela respiração contemplo a beleza do que é natural e tem aspecto sobrenatural.
Os peixes são os enfeites desse cenário real que tenho a oportunidade de conhecer. Eles estão vivendo o ordinário de suas vidas, sendo o que são na normalidade; talvez espantados com alguns homens que a área deles invade. E assim, permitem o extraordinário ao serem contemplados por eles.
Percebo nesse mundo o silêncio, mas nem por isso deixo de ouvir uma bela canção. Canção harmônica que em minha alma ressoa, acalma e encanta; Canção que me prepara tal e qual o intervalo de um acorde para voltar lá em cima e renovar a melodia, na respiração que me inspira a retornar.
Na solidão desse momento sinto-me renovado por dentro; 
Piscina que fascina quem ali chega, mergulha e deseja conhecer esse novo mundo.
             Mas não tem jeito, a alma inquieta, sempre com pressa, parece não conseguir viver com totalidade esse sublime momento; Assim sendo, quer registrar de alguma forma no interior aquilo que contempla no exterior no afã de não perder o que ganhou.


O que se registra é uma consequência e uma demonstração mínima do que a alma experiência, isto porque as palavras não conseguem traduzir com precisão o que toca profundamente o coração.
Contudo, as palavras são necessárias, não são secundárias, a boca não fala daquilo que está cheio o coração? 

"A beleza salvará o mundo", dizia o pensador Dostoiévski; Isso pode ser verídico na medida em que o exterior provoque mudanças no interior;