terça-feira, 4 de setembro de 2012

CRISE: Oportunidade ou perigo?


Quanto mais espinho, mais beleza e perfume uma flor reserva. A facilidade por vezes desvaloriza a essência da verdade. Não que seja critério, mas a dificuldade prova, preserva e fortalece o que tem valor no interno.
É preciso saber que o vento contrário tem os dois lados, conforme os ideogramas (letras) que compõem a palavra CRISE em chinês: PERIGO e OPORTUNIDADE. 

Ter a consciência do perigo que me alerta para não ir além do risco, aumentar o cuidado e redobrar a atenção. Raciocinar o erro que está à minha frente e quem sabe evitá-lo.
E se o perigo existe, ainda que seja em forma de palpite, é preciso reconhecê-lo e nele os medos que o recheiam. Considerar os limites e as ameaças, viver com humildade no círculo da minha realidade.

Mas a coragem aí também reside, no paradoxo de ser forte ao assumir a própria fraqueza; na liberdade de dizer sim em forma de não; no reconhecer que a bagagem interior não está preparada para seguir numa estranha estrada; na inquietação de não ter segurança e totalidade perante a próxima ação, censurando sua intenção.

O outro lado do vento e o que tem maior proveito é a oportunidade. Aliás, a palavra oportunidade tem origem no nome de um vento importante na navegação da antiguidade; os latinos chamavam de “ob portus” ao vento que conduzia a embarcação em direção ao porto.
Ob Portus ou Oportunidade, eis o vento que projeta, que faz ir além dos limites e das tempestades. Mas é preciso atenção, perspicácia e sabedoria para discernir, para decidir, para empreender a vida numa causa que custe a felicidade. Enfim, é preciso deixar-se envolver pela oportunidade dando sentido e significado para o que seguirá.
O risco sempre vai existir, bem como as crises.
Seria insignificante e muito estática a vida se não houvessem tais contrariedades.
São, pois, paradoxos, pérolas escondidas nas profundezas do mar, são também oásis descoberto no mais seco dos desertos. 


As pedras no caminho existirão, mas será minha a decisão de torná-las obstáculo e limite, ou então, decidir “juntá-las para construir um belo castelo” (cf. F.Pessoa).


É preferível o Castelo ao obstáculo, a surpresa à murmuração, a possibilidade ao limite. Enfim, é melhor o esforço recompensador de ser Autor do que o comodismo improdutivo de ser Vítima.


 Assim a vida será sempre interessante, na novidade e dinâmica que ela reserva para quem é capaz de enxergar mais oportunidade do que perigo nos ventos contrários e crises.