quinta-feira, 21 de abril de 2011

PAIXÃO DE CRISTO. Os personagens na minha identidade.

Com qual personagem você se identifica na real e perene cena da Semana Santa?
            No itinerário de dor e de amor de Jesus, na memória que tem o dom de atualizar essa bela história dentro de cada um de nós, há muitas possibilidades para formarmos um conceito e definir esse evento salvífico.
Porém, quem define pode limitar o que quer refletir. Sobretudo, trata-se de um mistério, o mistério Pascal, que não tem muita explicação na razão, deve-se aceita-lo pela fé e permitir ser tocado no coração por esse mistério que manifesta o grande amor Divino pela humanidade.
Os personagens? São os mesmos. Os de ontem são também os de hoje. Por vezes encontram-se simultâneos em uma pessoa só, em nós mesmos. Mas cada um tem algo a nos ensinar, em forma de lição para não repetirmos o erro ou em forma de exemplo para podermos imitá-los. Tantos são os personagens, tantas são as possibilidades que temos para vivermos com coerência o que o Mestre Jesus nos ensinou. Ei-los:

Jesus: O personagem principal que por sua humildade e sofrimento refletidos na cruz conquistou a alegria da salvação à humanidade;
Maria: Sofrer em silêncio, amar e esperar a vontade do Pai para a vida do seu filho. Psicologicamente é a maior dor humana, a mãe perder um filho. Dor superada pelo  amor e esperança;
Judas: Traiu Jesus, um erro comparável a negar Jesus (Pedro). Porém, Judas não se arrependeu do erro, não aceitou a misericórdia Divina como Pedro. E, assim, com um nó na garganta que prendia as lágrimas e o peso da culpa, mergulhado no remorso e amargura se enforcou;
João: O mais jovem dos discípulos. Perseverou no amor. Foi fiel até a cruz, ao lado de Maria (Nossa Senhora) seguindo o conselho do Mestre. Dizem que era o discípulo que Jesus mais amava, mas talvez fosse o discípulo que mais permitiu ser amado por Jesus. Quem se sente amado consequentemente deseja amar. Assim foi João, o discípulo do amor;
Pedro: Não soube vigiar, jurou valentia e fidelidade no seguimento, mas negou por três vezes Jesus. Mas através das lágrimas, soube se arrepender e aceitar a misericórdia Divina para recomeçar.
Judas: Semelhante à Pedro no erro, mas diferente na sua maneira de lidar com ele. Não confiou no perdão Divino e, julgando a si mesmo, se condenou e decretou sua própria morte interior e depois concreta, se matou.
Multidão: Que soube com entusiasmo aclamar a entrada de Jesus, do Messias, do Salvador em Jerusalém com brados de “Hosana, Bendito”; mas que também com crueldade gritou: “Crucifica-o”, influenciando a decisão de Pilatos;
Cireneu: Soube ser amigo, mesmo não conhecendo bem Jesus, prestou-lhe um auxílio carregando com Ele a pesada cruz;
Verônica: Enxuga o sangue, o suor, as lágrimas de dor no rosto de Jesus. Um alívio provisório na subida do Calvário.
Herodes, Pilatos, Sacerdotes: Seguir com exatidão à lei, num “amor” paradigmático e tradicional que dispensa a novidade e o que prevalece sobre a lei. Eles se pautam no amor à lei quando a proposta de Jesus é a lei do amor;
Soldados romanos e judeus: São obrigados a obedecer às ordens, açoitam e crucificam Jesus cruelmente. São levados pelo sistema e não podem contrariá-lo.
O bom ladrão: Talvez o primeiro a entrar no paraíso, conforme a promessa de Jesus: “ Ainda hoje estarás no Paraíso”. Soube reconhecer a própria culpa e a inocência de Jesus, diferentemente do outro crucificado, que exigiu ironicamente a salvação;
 
Madalena: De pecadora à adoradora. Deixou-se olhar e enxergar por Jesus. Recebeu dele um amor inesquecível e transformador. Contemplou por primeiro a ressurreição e foi transmití-la. Jesus não escolhe os melhores e prontos, mas tem paciência em melhorar os que escolhe;
Tomé: Não acreditou na ressurreição, precisa de algo concreto para provar que Jesus está vivo. É sincero na sua forma de acreditar, e por isso, na docilidade do que pediu soube exclamar e professar ao tocar nas chagas de Jesus: Meu Senhor e meu Deus!
       Com certeza que nos identificamos com um ou mais personagens dessa história. Mas gostaria de destacar um personagem que talvez não é muito valorizado e refletido nessa história: Barrabás.
Imagine alguém condenado à morte através dos anos de prisão por uma justa causa. A pessoa já não tem mais expectativa de vida, a morte já foi decretada e o que resta é só sofrimento. De repente chega alguém na prisão e diz: “Barrabás, vem para fora! Você está livre! Um tal de Jesus vai morrer no seu lugar!”
     Óbvio que tenho conhecimento da injustiça feita para com Jesus. Ele não merecia a condenação feita por “troca” com um malfeitor como Barrabás. Porém, a história foi essa, e ela deve ser nossa escola, nosso terreno para meditar e interiorizar a Paixão de Cristo por cada um de nós.
     Meditemos sobre a alegria de Barrabás. Uma luz surge na sua vida, ele pode voltar a viver, voltar a sonhar, a planejar, de agora em diante está livre. Há gratidão no seu coração por Jesus, que assumiu o seu lugar, o seu erro, a sua culpa.
      Alegria de Barrabás. Alegria de quem alcançou uma Salvação mesmo não merecendo. Alegria que nasce da surpresa e da gratidão que também deve estar presente no nosso coração, somado ao desejo de retribuir a Jesus com uma vida condizente ao que Ele nos ensinou.
      Alegria de Barrabás, uma alegria Pascal. Alegria fundamentada na pessoa de Jesus que, com sua vida, morte e ressurreição, garante àqueles que O aderem, a Salvação.
  
Lembremo-nos sempre: Não há glória sem ter cruz!


A todos os leitores desejo FELIZ PÁSCOA!!!

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